Presidente diz que Brasil não quer confrontar os EUA e pede que "camarada Obama" negocie rapidamente um acordo para acabar com os subsídios à produção de algodão
INAUGURAÇÃO Lula durante visita às instalações da Usina Termelétrica Euzébio Rocha, em Cubatão (SP)
O presidente também mandou um recado ao presidente dos EUA, Barack Obama, a quem Lula chamou de "companheiro Obama". "Obama e os EUA são muito ricos e podem fazer o que quiserem na economia", afirmou. "Mas se os EUA tivessem feito um acordo com o Brasil na Rodada Doha, em 2008, nós não estaríamos agora brigando e o povo africano estaria vendendo o seu algodão na Europa e nos Estados Unidos", cobrou.
E o presidente emendou com um pedido: "Eu queria pedir ao Obama que colocasse suas pessoas para negociar rapidamente porque o Brasil não tem nenhum interesse em confrontar os Estados Unidos. O Brasil tem interesse de que os EUA respeitem as regras da OMC tanto quanto o Brasil respeitará quando a OMC decidir contra nós", explicou. "Ou nós obedecemos as instituições multilaterais ou o mundo vai ficar desgovernado. O mundo vai virar, eu diria, uma bagunça."
De acordo com o presidente, o produtor brasileiro não precisa tanto do fim do subsídio americano ao algodão quanto o produtor africano. "Acho que está na hora de a gente dar chance para que o pequeno produtor africano coloque o seu produto nos mercados mais ricos do mundo, que são os EUA e a União Europeia", afirmou.
Lula e a pré-candidata do PT à sucessão no Palácio do Planalto, a ministra Dilma Rousseff, participaram da cerimônia de inauguração da Usina Termoelétrica Euzébio Rocha, obra da Petrobras integrante do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e dentro das instalações da Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão.
O Brasil recebeu da OMC, ainda em 2009, o direito de aplicar retaliações no valor de US$ 830 milhões sobre bens, serviços e propriedade intelectual dos EUA por conta do subsídios pagos pelo governo americano aos produtores. Na segunda-feira, o governo divulgou uma lista com mais de 100 produtos, incluindo trigo, cosméticos, chicletes e peças de carro que serão sobretaxados.
O ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, afirmou na terça-feira que ainda esperava um contato de representantes americanos para iniciar uma negociação. Também na terça, o representante de Comércio dos EUA, Ron Kirk, admitiu que o governo Obama cogita aceitar a imposição da OMC caso não chegue a um acordo com o Brasil. "Em último caso, vamos levar o caso para o Congresso", afirmou. O Congresso americano tem o poder de derrubar os subsídios, o que implicaria um enorme desgaste político com os produtores.
F - NKL :
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