Técnicos do Ibama flagraram fornos para fabricação de carvão em pleno funcionamento. Todos os fornos foram destruídos e os proprietários multados por crime ambiental
ANTÔNIO VICELMO
Além das multas, os agentes do Ibama apreenderam carvão vegetal e madeira em uma área de 111 hectares
Crato. Mais de um milhão de reais em multas contra crimes ambientais, entre os quais desmatamentos, planos de manejos ilegais, "esquentamentos" de Documentos de Origem Floresta (DOF), 1.500 sacos de carvão vegetal, dois mil metros estéreis de lenha e estacas apreendidos. Esse foi o resultado de uma operação desencadeada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) na Região do Cariri.
A operação iniciada no dia 22 de fevereiro culminou ontem com a autuação de um desmatamento em uma área de 111 hectares, no município de Santana do Cariri, em cima da Serra do Araripe, uma Área de Proteção Ambiental (APA). Ali foram encontrados 45 fornos para fabricação de carvão. Alguns fornos ainda estavam fumegando, sinais de que, segundo os técnicos do Ibama, a transformação de lenha em carvão, estava em pleno funcionamento.
Os desmatamentos estão sendo denunciados pelas imagens do satélite, com o auxilio de um GPS, um sistema de informação eletrônico que fornece via rádio a um aparelho receptor móvel a posição do mesmo com referencia as coordenadas terrestres. Do escritório do Ibama, ou das viaturas, os técnicos descobrem os desmatamentos e o GPS os leva até o local devastado.
Ontem, quando os funcionários do Ibama voltaram à área devastada, não encontraram ninguém. "Parecia um cemitério", comparou o chefe do escritório regional do Ibama Francisco Sales da Silva. O proprietário da área será processado e multado. A multa gira em torno de R$ 300 mil reais. Os responsáveis pelos crimes ambientais serão denunciados à justiça Estadual e Justiça Federal.
O coordenador da operação Miller Holanda Câmara explicou que a mata devastada era secundária, com características de caatinga e floresta. "Agora, nós vamos esperar de 10 a 15 anos para sua regeneração".
Em 10 dias de investigação, a equipe do Ibama descobriu uma verdadeira rede de destruidores das matas do Cariri. Os Planos de Manejos, mesmos os autorizados, pela Superintendência do Meio Ambiente do Ceará (Semace), apresentam irregularidades. Um delas, segundo o chefe do escritório do Ibama, é a utilização ilegal do DOF.
Sales afirmou que a equipe flagrou caminhões em desmatamentos clandestinos com o DOF. "O Crato está enviado madeira serrada para o Maranhão, o que é, na prática impossível, uma vez que é o Maranhão que envia madeira para a região.
De acordo com os técnicos do Ibama, os municípios do Cariri que apresentam maior número de crimes ambientais são Santana do Cariri e Farias Brito.
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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. End.: Praça Joaquim Fernandes Teles, Tel: (88) 3521-1529.
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