Na manhã de ontem, alguns garotos foram ao local onde o amigo morreu. A cerca eletrizada fica a poucos metros de um campo de futebol onde eles se divertem nos fins de semana ALEX COSTA
Adolescente recebeu a descarga elétrica ao tocar numa cerca em volta de uma obra do INSS. Os pais estão revoltados
O sonho de ser um grande jogador de futebol acabou para o adolescente Francisco Amauri Ferreira, 13 anos, no fim da tarde do último domingo (11). Ele brincava de bola com amigos em um campinho de grama na Avenida 9 do Conjunto Jereissati II, em Maracanaú, quando foi morto por uma descarga elétrica em uma cerca escondida por trás de um tapume que ficava de um dos lados do campo.
Segundo amigos, Amauri teria ido apanhar a bola, que caiu por trás do tapume, quando se deparou com a cerca eletrificada, encostada ao chão. "Ele caiu com o pescoço na cerca e ficou grudado. Puxamos ele pela bermuda, tomamos choque também, mas não conseguimos salvar o nosso amigo", contou o pequeno João Victor, de apenas 10 anos.
Desespero
Os outros nove garotos que jogavam bola se desesperaram com a cena e correram até a Avenida 9 em busca de socorro para Amauri. "Passava um monte de gente, ninguém parava. Até que uma senhora parou, viu o que tinha ocorrido, e chamou uma ambulância", contou João Victor. O adolescente foi levado para o hospital de Maracanaú, mas já estava sem vida.
Ontem pela manhã, no campo em que Amauri foi eletrocutado, algumas crianças observavam o local. "Já tiraram a cerca elétrica para a Imprensa não mostrar o absurdo", ressaltou o motorista de ônibus Francisco Torres Sobrinho, vizinho da família de Amauri e pai de um adolescente de 13 anos que jogava com a vítima.
A cerca foi fixada em torno do muro de um posto avançado do INSS que está sendo construído no local. Nenhum responsável pela obra apareceu por lá para falar com a Reportagem sobre o incidente.
Uma placa indicava a construtora ´AF Construções´ como responsável pela obra. "Vamos solicitar uma perícia no local e começaremos as diligências para identificar testemunhas que deverão ser ouvidas ao longo desta semana. Precisamos apurar as responsabilidades pelo que aconteceu", destacou o delegado Flávio Lemos, titular da Delegacia Metropolitana de Maracanaú, que vai investigar o caso.
Escola
Curiosamente, o campo onde Amauri morreu fica localizado bem em frente a Escola Municipal de Ensino Fundamental Geneciano Guerreiro de Brito, onde o garoto cursava o 9º ano. Em luto pela morte do jovem, não houve aula ontem. Na casa de Amauri, a de número 642 da Rua 46, no Conjunto Jereissati II, a família recebia o carinho de amigos e vizinhos.
"Meu neto era um menino muito querido aqui em Maracanaú. Era estudioso, amigo de todos, vivia em casa. Sua única diversão era este futebol e a gente só deixava ele ir porque era perto de casa", contou a avó, Maria Mariano Lima.
Segundo ela, a família nunca se preocupou porque o local sempre foi seguro. "A gente jamais imaginou que alguém colocaria uma cerca com eletricidade naquela altura, sabendo que ali era um campo de futebol, crianças jogavam sempre ali e, principalmente, porque o local fica de frente para uma escola", ressaltou. Andreia Torres, amiga da família e mãe de uma adolescente que estudava com Amauri, está mobilizando pais de alunos do bairro para protestarem contra o caso.
"Até o momento não apareceu ninguém da prefeitura, do Estado, nem mesmo da obra em questão, nenhuma autoridade sequer para dar conforto à família. Não podemos aceitar isso calados", disse.
F - Nem Ki Lask :