Do quilômetro zero ao 20, que vai da Avenida Mister Hull até a entrada de Caucaia, foram 20 mortes, em 2009
Um dos trechos de rodovias federais mais perigosos do País é o da BR-222 que liga Fortaleza a Caucaia. Essa constatação faz parte do Mapeamento Nacional de Pontos Críticos, de 2009, feito pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). No ranking dos intervalos mais perigosos, elaborado com base na quantidade de acidentes com morte, o Ceará está entre os cinco mais críticos.
O trecho da BR-222 teve, em 2009, 1.037 acidentes com 45 mortes, em toda a sua extensão (330 quilômetros). Já no trecho mais perigoso, que é do quilômetro zero ao 20 (da Avenida Mister Hull até a entrada de Caucaia), foram 20 mortes, quase a metade do número que ocorreu em toda a extensão.
Trechos
O levantamento mapeou 15 trechos de rodovias federais espalhados por dez estados brasileiros que, juntos, representam 0,5% da malha federal e que foram responsáveis por 302 mortes em estradas e 284 acidentes, no ano passado. O estudo mostrou que os acidentes têm ocorrido em locais mais próximos das cidades que são aparentemente seguros, e não por buracos, falta de acostamento ou curvas tortuosas.
De acordo com a PRF, o aumento do número de acidentes se deve ao crescimento populacional. Para o chefe de Comunicação da PRF, Darlan Antares, a imprudência dos motoristas é, hoje, o principal motivo dos atropelamentos e colisões com bicicletas - ocorrências mais registradas. "Há alguns anos, os acidentes aconteciam por causa de danos na pista. Hoje, a grande maioria é decorrência do excesso de velocidade e desrespeito à sinalização", disse. O chefe de Comunicação lembra que a imprudência é também do pedestre, que não utiliza as passarelas disponíveis.
A melhoria nas condições das rodovias também contribuem para o crescimento de ocorrências registradas porque é estímulo para os motoristas excederem na velocidade, conforme a PRF. Além disso, as áreas próximas às grandes metrópoles, normalmente, são perigosas porque os motoristas costumam relaxar quando estão perto de casa, de acordo com a Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet).
O aumento na movimentação de veículos no trecho da BR- 222 também é um agravante, segundo Darlan Antares. "Circulam naquela região de 40 a 50 mil veículos diariamente". Para ele, o trecho da 222, por ser muito próximo da cidade, acaba sendo confundido com uma avenida. "Os vícios das avenidas se repetem nas rodovias, como andar colado no carro da frente", exemplificou.
Outro ponto detectado pela pesquisa foram os horários em que costumam acontecer os acidentes. Segundo levantamento, há maior número de ocorrências ao entardecer. "É quando a luz natural é substituída pela artificial, causando desconforto na visão dos motoristas", explicou o chefe de Comunicação.
Solução
Conforme Darlan Antares, para reduzir o número de acidentes, a medida é simples: conscientizar os motoristas. "Eles precisam aprender a andar no limite permitido de velocidade, usar cinto de segurança e respeitar a sinalização. Isso já reduziria em 70% as ocorrências", alertou.
O Mapeamento Nacional dos Pontos Críticos, realizado pela Polícia Rodoviária Federal, anualmente, desde 2004, é um controle estatístico que serve para o planejamento operacional nas rodovias.
RODOVIA
AMC garante que não há estudo para municipalizar
Uma saída que já foi pensada por vereadores de Fortaleza para a redução no número de acidentes no trecho da BR-222 é a municipalização das rodovias federais. Porém, conforme o presidente da Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e Cidadania (AMC), Fernando Bezerra, não há nenhum estudo para municipalizar as rodovias e isso também não resolveria o problema dos acidentes. "A AMC conta, hoje, com um efetivo pequeno e não poderia fiscalizar a contento o local".
Conforme o vereador Gelson Ferraz, a municipalização não é mais necessária porque a estrada que liga Fortaleza à Caucaia está sendo muito bem assistida pela Polícia Rodoviária Federal. "O trecho está bem conservado e sinalizado", garantiu.
F - DN :