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terça-feira, 27 de abril de 2010

Crato-CE: Perda de safra majora preços de alimentos em até 50% :

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Os preços dos gêneros alimentícios de primeira necessidade “estouraram” ontem na feira semanal do Crato. O quilo de feijão de corda que, no mês de fevereiro, era vendido a R 3,00 subiu para R 4,50, uma alta de 50%. Os feirantes advertem que a tendência é subir ainda mais. “O feijão de corda vai para R 6,00 o quilo”, antecipa o feirante Vicente Bezerra Campos. Ainda é encontrado feijão de R 2,50 o quilo, mas é de qualidade bem inferior. No ano passado, este tipo de feijão estava sendo destinado à alimentação dos porcos porque o preço era baixo, R 0,50, conforme reportagem publicada no dia 4 de abril de 2009 neste jornal.

A majoração é atribuída à perda da safra no Cariri. De acordo com levantamento feito pelos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais da região (STR), a perda é superior a 70%. Elem explicam que o prejuízo começou na área plantada, que foi menor. Os agricultores não acreditaram no inverno e, consequentemente, não plantaram, como em anos anteriores.

A funcionária da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce), Gessilda Correia Nunes, responsável pelo monitoramento da safra nos municípios do Ceará, admite que, de acordo com informações enviadas pela gerência regional do Cariri, a perda da safra na região é de 70%. Esta redução de safra, segundo Gessilda, influencia no mercado, elevando os preços.

Nas outras regiões do Estado, ainda não foi concluído o levantamento, mesmo porque, segundo a técnica da Ematerce, a safra não foi colhida. Os agricultores começaram a plantar agora, no mês de abril. No entanto, a perspectiva de colheita é pessimista. “As chuvas são irregulares. O legume não está completando seu ciclo de vegetação. Já estão falando em seca verde, porque tem pasto para o gado, alguns açudes estão sendo reabastecidos, mas não tem produção”, explica Gessilda. Já o agricultor Luiz Gonzaga Vitorino, residente no Sítio Cipó, município do Crato, diz que o pouco que colheu não dá nem para o consumo de casa. “O jeito que tem é comprar na feira”, afirma, acrescentando que “além da queda, o coice”, se referindo a qualidade inferior do grão. “O feijão deste ano é pouco e ruim”, atesta.

“A safra de feijão de corda aqui no Cariri é esta aí”, diz o agricultor e comerciante Raimundo Rosa, apontando para um punhado de feijão colocado na calçada para secar. Seu Raimundo acrescenta que o feijão de corda que está sendo vendido na feira do Crato vem de Araripina, Pernambuco.

A feira semanal do município funciona como termômetro da economia rural na região. É a vitrine da produção e do mercado dos produtos agrícolas. Este ano, por exemplo, ainda não apareceu o feijão mulatinho novo, que era produzido em sítios no sopé da Chapada do Araripe. A região está importando o produto do Estado da Bahia. O feijão de corda, também conhecido como feijão-fradinho ou feijão-caupi, muito consumido no Nordeste onde é utilizado para fazer o baião-de-dois, comida típica da região, está vindo de fora. A pequena produção regional só está dando para o consumo doméstico.
Já o milho, só baixou de preço após intervenção da Conab. Na feira de ontem no Crato, o saco de 60 quilos, que chegou a ser vendido de R 36,00, baixou para R 30,00.

A queda foi motivada pelo preço oferecido pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que está vendendo o saco de 60 quilos a R 20,00. O gerente regional, Cândido Damasceno, explica que o estoque regulador é da safra de 2006. Está chegando o milho de 2009, cujo preço ainda não foi estabelecido pelo órgão.

F - Nem Ki Lask
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