Eurides Brito (PMDB-DF) nega possibilidade de renúncia.
Ex-governador do DF afirma que versão é 'fantasiosa'.
Em texto publicado na noite deste sábado (27) em seu blog, a deputada distrital Eurides Brito (PMDB) diz que o dinheiro que colocou na bolsa em um vídeo gravado pelo ex-secretário de Relações Institucionais do Distrito Federal Durval Barbosa em 2006 tinha como origem o ex-governador Joaquim Roriz (PSC). O vídeo é um dos muitos que foram divulgados do escândalo do mensalão do DEM de Brasília. Por meio de sua assessoria, Roriz nega que tenha mandado entregar dinheiro a Eurides e chama a acusação de “fantasiosa”.
O escândalo do mensalão do DEM de Brasília começou no dia 27 de novembro de 2009, quando a Polícia Federal deflagrou a operação Caixa de Pandora. No inquérito, o governador José Roberto Arruda, preso atualmente na Superintendência da PF em Brasília, é apontado como o comandante de um esquema de distribuição de propina a deputados distritais e aliados. Eurides responde na Câmara Legislativa a um processo por quebra de decoro parlamentar e nega a possibilidade de renúncia.
Segundo o blog da deputada, o texto faz parte de um “bate-papo” que ela teve com uma repórter de um jornal local de Brasília. No meio da conversa, a deputada revela sua versão sobre o vídeo.
Eurides conta que procurou Roriz no primeiro semestre de 2006 cobrando do ex-governador uma posição sobre sua sucessão. Naquele momento, a base aliada de Roriz se dividia entre o apoio a Arruda e Maria Abadia (PSDB), que assumiu o posto de Roriz quando ele se desincompatibilizou para disputar o Senado.
A deputada conta que após algumas conversas, e sem ter uma posição definitiva do ex-governador, disse a ele que precisava organizar sua campanha e teria acertado com Roriz a realização de alguns encontros com “lideranças” que seriam de sua base eleitoral. Segundo a deputada, ficou acertado que nestas conversas ela pediria votos para a candidatura de Roriz ao Senado e deixaria em aberto a escolha do candidato ao governo.
Eurides afirma ter realizado 12 destes encontros entre maio e junho de 2006. As reuniões, de acordo com a deputada, tiveram aspectos de confraternização, como café da manhã, almoço ou jantar. Ela disse ter combinado que Roriz arcaria com essas despesas.
“Eu não poderia fazer isso sozinha e ele me falou para fazer, pois ele arcaria com as despesas. Entre maio e junho fiz 12 reuniões. Tenho endereços e nomes dos líderes que organizaram as reuniões e vou apresentá-las como testemunhas”, diz ela no texto publicado no blog.
A deputada diz que o pagamento não foi feito por Roriz de maneira imediata. Somente em uma conversa futura ela “cobrou” o ex-governador pela falta de pagamento quando este lhe pediu ajuda para a campanha ao Senado em seu material de campanha.
“Ele me disse para não me esquecer de colocar o seu nome. Daí o lembrei que ele não havia pagado ainda o dinheiro das reuniões de esclarecimento das candidaturas ao governo. E que estava me fazendo falta. Ele brincou dizendo que a culpa era minha por não ter lembrado a ele e afirmou que no dia seguinte me pagaria. No dia seguinte, ele mandou me dizer para eu passar no Durval e eu passei e recebi. Todos viram eu entrando no gabinete do Durval e depois voltando para fechar a porta”, afirma a deputada.
Eurides afirma ainda que poderá chamar o ex-governador como sua testemunha no processo de cassação a que responde. “Se necessário, sim. Não só ele como as pessoas organizadoras do evento. Creio que ninguém se furtaria”.
Por meio de sua assessoria, o ex-governador do Distrito Federal afirmou que a acusação é “fantasiosa”. Roriz diz ainda que não acreditava que Eurides apresentasse uma “versão tão farsante”.
Renúncia
No texto publicado no blog da deputada, ela nega a possibilidade de renúncia para escapar da cassação de mandato e poder disputar a eleição em outubro.
“Se eu renunciar, pensando em concorrer a uma eleição, estarei traindo a mim, a minha história. A minha honra é mais importante do que qualquer coisa. Ela não tem preço. Meus netos são jovens, frequentam universidades, um ainda está no início do ensino fundamental. Eles sempre serão questionados e precisam saber a verdadeira história. Se for cassada, eles terão as duas versões, mas não terão uma avó covarde”, diz Eurides.
Ela nega que tenha recebido qualquer tipo de propina durante sua carreira política. “Existem duas coisas que as pessoas não fazem comigo graças a Deus: ninguém fala palavrão na minha frente e nunca ninguém apareceu para tentar me subornar. Por isso, posso ir a qualquer lugar e dizer sem medo que, se aparecer algum empresário dizendo que me pediu para apresentar projeto, eu o levarei imediatamente à Justiça”.
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