Piratas lançam 200 ataques a embarcações por ano.
Valor de resgate é distribuído entre moradores de aldeias.
O porto de Salalah, na Somália, está repleto de navios de navios militares de vários países. Esta é principal base de combate aos piratas no país.
Atualmente os piratas da Somália mantêm 250 reféns em 10 embarcações ancoradas na costa do país africano. Pedem resgates em torno de R$ 13 milhões paa libertar cada uma.
No porto de Salalah, a reportagem embarcou num navio que vai em busca dos piratas. Num sistema de revezamento internacional, há um ano a liderança da patrulha ficou nas mãos de Portugal. No comando das operações, um velho conhecido do Brasil: Pedro Álvares Cabral, esse é o nome da embarcação que caça piratas no litoral da Somália.
A fragata leva 215 marinheiros. Eles estão a caminho das águas mais perigosas do mundo. Para combater os piratas do século 21 é preciso armamento pesado. Em alto mar, a primeira tarefa é carregas as armas e testar o poder de fogo do navio.
Mais perigo que o Iraque
Ataques a navios por piratas fazem a Somália ser considerada hoje um país mais perigoso do que o Iraque ou o Afeganistão. Nem as forças de segurança se arriscam a desembarcar.
O país não tem Marinha, apenas o barquinho da guarda costeira. É tudo o que eles têm para combater piratas que lançam 200 ataques por ano.
Quando o dia termina, a noite é amiga dos piratas. Eles costumam se locomover na escuridão e atacar na alvorada.
O navio que faz a fiscalização na costa acorda às 6 horas. No convés, o helicóptero ainda é uma sombra quando começa a ligar os motores. Os primeiros raios de sol são uma ordem: a busca vai começar
Quatro tripulantes formam a patrulha do ar. E todos os que ficam no navio gostariam de estar voando também.
Alerta
Emergência a bordo. A brigada de incêndio entra em ação. Marinheiros mascarados correm pelos corredores. Lá fora a fumaça aumenta. Um ferido é resgatado. E o sargento fica ali parado, como se não estivesse acontecendo nada. É porque só ele sabe que não está acontecendo nada.
“É evidente que isso é só um exercício. Não é para ninguém se assustar, isso
acontece várias vezes”, explica o sargento Pedro Cunha Santos.
É preciso deixar o navio em alerta permanente.Sem piratas no horizonte, o navio se mantém ativo com os treinamentos.
O helicóptero despeja fuzileiros. E a marujada solta a voz. O navio português balança em ritmo brasileiro. E o sotaque segue a maré. Viver a bordo é ser feliz e ansioso, tudo ao mesmo tempo.
Radares não detectam
O mar está calmo e isso é um péssimo sinal. As águas tranquilas do Oceano Índico são um incentivo aos piratas. Assim eles podem percorrer grandes distâncias em pequenas embarcações.
O helicóptero vai sair para varrer o oceano com os olhos. Os radares não detectam os barcos piratas.
“São embarcações muito pequenas. Ainda por cima são de uma cor que não é fácil de ver. Por isso, mesmo com nossos olhos treinados, só a uma curta distância é que conseguimos ver”, afirma o tenente Martins.
Só eles conseguem enxergar o pontinho branco, escondido atrás de uma onda. São os piratas.
Nem debaixo da metralhadora eles se assustam. Discretamente começam a jogar no mar as armas, as cordas, os ganchos, tudo o que os incrimine.
Mas só quem quer abordar outro navio leva uma escada. Não há prova maior do que essa. Eles logo se desfazem dela. Os piratas agem sem medo porque sabem que os marinheiros do Ocidente não atiram.
O helicóptero neutraliza os piratas até a chegada da lancha com os fuzileiros do navio. Eles ainda tentam conversar. Dizem que são ‘fishermen’, pescadores, em inglês.
“Eles dizem sempre que são pescadores. Nós perguntamos: ‘onde é que está o peixe?’ e eles não sabem responder”, conta o fuzileiro.
Não há muito o que fazer. Sem provas ou flagrante da pirataria, o navio só pode confiscar o excesso de gasolina e mandar os piratas de volta para a Somália. Logo vão estar prontos para atacar outra vez.
Popularidade
O helicóptero da Álvares Cabral leva a reportagem para sobrevoar o litoral da Somália e identificar algumas bases de onde partem os piratas.
O litoral da Somália é uma das regiões mais pobres do mundo. São 3 mil quilômetros de praia. Os piratas têm todo esse espaço para sair e atacar os navios. É praticamente impossível fiscalizar toda a região.
Os piratas também usam muito essas grutas nas encostas das montanhas. Ali eles se escondem e partem para os ataques.
A aldeia é uma base pirata. Eles partem assim de lugares muito pobres e quando chegam, distribuem o valor do resgate entre todos os moradores. Por isso a pirataria tem um forte apoio popular na Somália.
O helicóptero com nome do descobridor do Brasil está ajudando a redescobrir a Somália. Um país que está em todos os mapas e o mundo esqueceu.
F - G1 :
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