CARACAS
O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, chegou ontem a Caracas prometendo avaliar a possibilidade de ajudar o presidente venezuelano, Hugo Chávez, a desenvolver a sua própria indústria espacial - que incluiria um sistema de lançamento de satélites.
O anúncio da oferta foi feito por Chávez, horas antes da chegada de Putin. Essa é a primeira viagem do líder russo à Venezuela, onde ele foi recebido com uma parada militar.
Segundo Chávez, a proposta da cooperação na área de tecnologia espacial seria discutida por autoridades russas e venezuelanas. "A Rússia ofereceu apoio para que a Venezuela tenha sua própria indústria para o uso de seu espaço extraterrestre", afirmou Chávez.
A declaração foi ironizada pelo porta-voz da Casa Branca, Philip Crowley. "Nos permitimos lembrar que o governo da Venezuela esteve em grande parte inativo esta semana por causa da escassez de energia", disse Crowley, referindo-se ao fato de que Chávez declarou feriado para economizar energia nos escritórios do governo e estatais. "Já que ele pretende gastar recursos para atender aos interesses do povo venezuelano, talvez devesse se concentrar em assuntos terrestres mais do que nos extraterrestres."
Chávez e Putin também pretendiam discutir a compra de dois hidroaviões Beriev Be-200 russos pela Venezuela e uma série de acordos nas áreas comercial, agrícola, industrial e energética.
Acordo nuclear. De acordo com Chávez, Moscou ajudará a Venezuela a desenvolver a tecnologia para obter energia nuclear. "Não vamos fazer uma bomba atômica, mas vamos desenvolver energia atômica com fins pacíficos" afirmou o presidente venezuelano. "Estamos nos preparando para a era pós-petróleo."
Além disso, também estão sendo negociados novos acordos na área de defesa. Desde 2005, o governo venezuelano adquiriu US$ 4 bilhões em armamentos de Moscou, tornando-se o principal cliente da indústria bélica russa na América Latina. As compras incluem helicópteros, 100 mil fuzis Kalashnikov. 24 caças Sukhoi e 92 tanques T-72.
No ano passado, Chávez anunciou que a Rússia estaria disposta a emprestar para a Venezuela mais US$ 2,2 bilhões para a financiar novos contratos na área de segurança.
Retórica multipolar. O presidente venezuelano tem procurado se aproximar de países como a Rússia, o Irã e a China enquanto mantém suas críticas ao governo americano. Segundo analistas, a retórica antiamericana agrada a Moscou.
Em Caracas, Putin também deve se reunir com o presidente boliviano, Evo Morales, para discutir a concessão de um empréstimo de US$ 100 milhões que serviria para a compra de um avião Antonov para uso presidencial. Os dois países também vêm discutindo acordos que permitiriam à Bolívia adquirir equipamentos militares e helicópteros.
PARA ENTENDER
Tecnologia espacial e nuclear
Chávez diz que a Rússia o ajudará a construir uma indústria espacial própria e um sistema de lançamento de satélites. Ele também quer apoio para o desenvolvimento de tecnologia para obter energia nuclear
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Defesa
Chávez já comprou US$ 4 bilhões em equipamentos militares russos e pretende fazer novas aquisições da ordem de US$ 2,2 bilhões, que incluiriam dois hidroaviões
Energia
Deve ser oficializado o lançamento de uma empresa binacional para a exploração de petróleo no campo de Junin, na Faixa do Rio Orinoco.
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