quarta-feira, 14 de abril de 2010
Reunião define futuro dos BRICs :
Encontro entre presidentes do Brasil, Rússia, Índia e China será na sexta-feira.
Terá início na sexta-feira (16), em Brasília, a segunda reunião do grupo de países emergentes Brasil, Rússia, Índia e China (BRICs). O encontro contará com as presenças do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, do presidente chinês, Hu Jintao, do presidente russo, Dmitry Medvedev, e do primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh. Mas a partir desta quarta-feira haverá reuniões de autoridades dos governos, em Brasília, e encontros empresariais no Rio de Janeiro e em São Paulo. A primeira cúpula dos chefes de governo dos BRICs foi realizada em junho do ano passado em Ecaterimburgo, na Rússia.
O foco principal da reunião desta semana será a economia. Há um consenso de que os quatro países se saíram relativamente bem da crise financeira de 2008 e, por isso, querem aproveitar o momento para explorar o potencial de comércio. Outra área de interesse é o aumento de investimentos diretos entre os países. “Estão muito aquém do que poderia. Temos de melhorar esse quadro”, afirmou a ÉPOCA um diplomata chinês. O quarteto também quer tratar da revisão do funcionamento de organismos multilaterais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), amplamente criticados durante a crise.
Apesar da constante negativa de que tratarão da substituição do dólar no comércio entre os BRICs, o assunto deverá ser discutido. Até porque, nas últimas semanas, autoridades chinesas têm se queixado de pressões da Casa Branca para que o país valorize o yuan (moeda local) e, assim, reduza os déficits no comércio China-Estados Unidos.
Durante o encontro dos BRICs, deverá ser ratificado acordo que prevê a criação de um banco de dados sobre produção agrícola nos quatro países. Deverão ser firmados, também, programas de cooperação em pesquisas sobre impactos climáticos na produção agrícola. Há ainda a possibilidade de os países montarem estratégias para que a produção agrícola dos quatro países tenha caráter complementar. “Eliminação de tarifas no comércio de produtos agrícolas vai ficar para a frente. Mas estamos dando os primeiros passos, que são muito importantes”, afirma o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel.
Reunião realizada nos Estados Unidos na terça-feira (13) para tratar de política nuclear também deverá repercutir no encontro dos BRICs. Os Estados Unidos imaginavam que teriam apoio da China para impor sanções à política nuclear iraniana. Mas os chineses decepcionaram os americanos ao não aceitar integralmente as condições do presidente Barack Obama. Diplomatas chineses afirmaram que é preciso negociar com Teerã. Com essa posição, o Brasil aproxima-se naturalmente da China. Há tempos o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, diz que há maneiras de convencer o governo iraniano a utilizar a energia nuclear apenas para fins pacíficos antes de se aplicar punições a Teerã.
A despeito de contar com territórios gigantescos, população grande e ritmo de crescimento da economia maior que de países desenvolvidos, os integrantes dos BRICs guardam diferenças marcantes e isso pode atrapalhar o futuro do bloco. A mais evidente refere-se a uma possível expansão do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Brasil e Índia lutam por uma vaga no seleto clube. A China não quer a expansão do Conselho por temer o ingresso do Japão, antigo rival. Já a Rússia não tem interesse em ver esse grupo crescer.
Na economia também há divergências visíveis entre os quatro países. Enquanto o Brasil cobra a eliminação de subsídios à produção agrícola, China e Índia não querem tocar no assunto. Os dois países temem desproteger agricultores familiares que vivem à base de subsídio governamental. A Índia, por sua vez, cobra nos fóruns internacionais a liberalização do mercado de serviços, ponto forte da economia indiana. O Brasil está menos entusiasmado a negociar esse ponto e abrir o mercado a empresas estrangeiras.
F - Nem Ki Lask :
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