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segunda-feira, 15 de março de 2010

Ciro: PT em São Paulo é um “desatre” :

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“O deputado federal e ex-ministro Ciro Gomes (PSB), 52, é popular no Rio de Janeiro. Num táxi, discute com o motorista a filiação de Romário ao PSB e escuta, atento, a recomendação de lançar Zico, “que nem precisaria de campanha”. Com uma truculência à mídia arrefecida -ou dominada depois de disputar duas campanhas à Presidência -, um Ciro “mais sereno”, como ele se classifica, falou à Folha sobre a sucessão presidencial e no governo de São Paulo.
Ele admite que sua candidatura em São Paulo seria artificial e volta a dizer que será candidato à Presidência da República. Ao final da entrevista, com o gravador já desligado, Ciro confessa que, se não disputar a eleição de outubro para presidente ou para o governo de SP, deixará a política.
FOLHA – O sr. afirmou na semana passada que São Paulo não precisa do sr. São Paulo precisa de quem?
CIRO GOMES – Fulanizar a política é algo ridículo no Brasil. São Paulo precisa de um projeto porque a eficiência medíocre do PSDB deu o que tinha que dar. Os indicadores de violência estão crescendo, o transporte está colapsando, a educação é uma das piores do país. Agora, como o PT é um desastre, lá em São Paulo especialmente, eles têm essa eficiência medíocre posta em relevo.
FOLHA – Por que o sr. considera o PT um desastre em São Paulo?
CIRO – Por tudo o que aconteceu. Estou falando do desastre de confiabilidade, de confiança da população a ponto de o próprio PT, na minha opinião corretamente, pretender lançar um candidato jovem lá, para fazer nome. Os principais quadros do partido [o PT], justa ou injustamente, entraram num problema. Não é brincadeira não, rapaz. José Dirceu, Genoino, Mercadante, Marta, João Paulo. Não é brinquedo não.
FOLHA – O PT pretendia lançar o sr. no Estado.
CIRO – Eu fico muito honrado, distinguido com isso, mas veja bem, não é tão artificial essa solução, não?
FOLHA – Então se o sr. for candidato ao governo de São Paulo será uma solução artificial?
CIRO – A minha candidatura naturalmente é artificial. Agora, o que eu poderia fazer -e tinha que ser sincero e franco com a população de São Paulo- era dizer: “Eu não faço rotina aqui, mas acumulei uma experiência de grande sucesso na administração pública, e essa experiência eu me disponho a colocar a serviço de São Paulo”. Não é minha pretensão. Todo mundo sabe e eu repito que minha intenção é ser candidato à Presidência.
FOLHA – O sr. trabalha por alianças do Paulo Skaf com o PT, por exemplo? O sr. vê possibilidade de uma chapa Aloizio Mercadante e Skaf?
CIRO – Eu não veto, não atrapalho, não opino contra, mas acho que a melhor opção é o PT ter o seu candidato e nós, o nosso.
FOLHA – O sr. diz que é o único a ter liberdade para fazer críticas ao governo do presidente Lula. O debate sobre o papel do Estado, com viés antiprivatização, é equivocado?
CIRO – Não, a questão não é que esteja equivocado. Embora o Serra tenha sido capaz de quebrar patentes no Ministério da Saúde na questão do coquetel antiaids, ele chega em São Paulo e privatiza a conta da prefeitura, hospeda num banco privado. E, em seguida, bota a Nossa Caixa para vender, um dos últimos ativos que São Paulo tem. Em relação à Dilma eu tenho a vivência que ela não tem.
FOLHA – Mas qual é sua posição sobre privatização e papel do Estado?
CIRO – Isso tudo é baboseira ideológica. No mundo inteiro a experiência empírica demonstra que o Estado não é máximo, nem mínimo, nem grande, nem pequeno. É o necessário. É a lei do menor esforço. Quem faz melhor, mais rápido e mais barato é quem vai fazer. Às vezes é Estado regulador, às vezes tem que ser empresário. A economia moderna é mista, mas a responsabilidade pela dinâmica estratégica de um país é do Estado.
FOLHA – O sr. sempre menciona eventuais problemas de governabilidade do futuro presidente, dado que ninguém terá o capital político e a popularidade de Lula, que faz com que ele transite bem no Congresso.
CIRO – Mais que transitar. Ele suporta, sem perder legitimidade. O que é um fenômeno absolutamente raro. Se a coalizão for essa, com o protagonismo desta banda do PMDB que manda no país [haverá crise de governabilidade]. O DEM é muito melhor que o PMDB neste instante. Uma questão é um escândalo, no qual todos nós estamos vulneráveis a ter um companheiro que vai entrar numa dessa. Todos nós. Isso é da política. O problema é que o PMDB, não o coletivo, mas a banda hegemônica, faz desta linguagem o seu instrumento central de luta.
FOLHA – E como se governa o Brasil com a atual condição de representatividade e o atual sistema político?
CIRO – É uma ilusão de ótica que a prostração moral do PT está passando para o país. O problema da situação política da Dilma é que ela fica com a boca travada. Ela não pode falar isso para ninguém. Como o Serra também não pode. Eu posso. Imagino governar o Brasil assim: eu encerraria a violenta, paroquial e provinciana radicalização que opõe PSDB e PT. Convocarei um entendimento nacional entre os dois partidos. Essa é a saída para o país avançar e diminuir a importância de setores clientelistas, fisiológicos, atrasados, corruptos.
FOLHA – Fazendo uma revisão da história de 2002, o mercado ainda teme sua candidatura?
CIRO – Teme, mas é injusto. Eu não sou uma invenção. Eu já fui ministro da Fazenda. Eu fui muito bom para a economia pelos resultados. O país cresceu 5,3%, tivemos superavit primário de 5% do PIB, inflação zero. Agora, tive algumas questões. Fiz a intervenção do Banespa e do Banerj. Fiz a abertura comercial que dissolveu vários cartéis. Tudo bem, a vida é dura. Eu não vou vender a minha alma para ser presidente.
FOLHA – O sr. já sofreu uma oscilação fortíssima nas pesquisas em 2002. Todos os políticos não estão sujeitos a isso?
CIRO – Sim, isso eu acho. Acho que a Dilma cometerá um erro, porque nenhum de nós escapou. O Lula cometeu, eu cometi, o Serra, o Alckmin cometeu. Ela cometerá. Tomara que não. E vai oscilar. Ela é um pouco mais vulnerável, claro. Porque na medida em que você erra, você aprende. O Lula aprendeu para caramba. Eu aprendi muito. O Serra erra menos porque é protegido pela grande mídia.

F - Folha :

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