sábado, 13 de fevereiro de 2010
Dom Adélio rompe o silêncio e diz que fica em Quixadá
Dom Adélio fala de projetos futuros e conota preocupação com obras sociais na terra de N. Sra. Rainha do Sertão
Quixadá Quatro meses após o início das manifestações em solidariedade ao bispo emérito dom Adélio Tomasin, o missionário religioso quebra o silêncio e acena para a continuidade de seus trabalhos em Quixadá. Dentre os projetos futuros está a implantação de um centro de formação à distância e até pesquisas científicas de extensão. Todavia, o sacerdote da Igreja Católica deixou claro haver necessidade de união entre os fiéis. Persistindo o clima de discórdia, manifesta a possibilidade de retornar para a Itália.
Apesar do bom humor, dom Adélio não esconde a tristeza e principalmente a preocupação ao deixar seu trabalho à frente da Faculdade Católica de Quixadá. A esse respeito se referiu à relação de um pai e de uma mãe, com um filho. Após ajuda-lo a crescer, em todos os sentidos, não se conformam quando são obrigados a abandoná-lo. Mesmo assim, continuam querendo o melhor para ele. "Não desejo que tudo vá pelo brejo", foi como se expressou o sacerdote sobre o futuro do maior centro de formação superior do Interior do Estado.
A visita de uma comissão do Ministério da Educação (MEC) está agendada para o início de março na Faculdade Católica. A inspeção tem como objetivo principal a liberação do cursos de Medicina e de Mecatrônica. Outros cursos aguardam reconhecimento pelo Governo Federal. O próprio bispo era quem estava peregrinando pelos corredores de Brasília, como ele mesmo diz, "suplicando" aos políticos pela agilidade nos processos. Containers com equipamentos médicos, para implantação do Hospital Escola, estão retidos no porto do Mucuripe, em Fortaleza, aguardando o processo legalizado no MEC.
O ex-bispo da Diocese de Quixadá fez questão de salientar sua preocupação como de "caráter pastoral". As realizações sociais, por meio do amparo às crianças, aos jovens, à maternidade e à educação fazem parte da caridade do evangelizador. Quando chegou em Quixadá, se deparou com um povo muito pobre, necessitado não somente de ajuda espiritual, mas, também, de resgate da dignidade. A formação educacional é a melhor forma de conquistá-las, considera ele. "Obras assim ajudam a transformar o homem", disse.
Sem tocar no nome do atual administrador diocesano, dom Ângelo Pignoli, dom Adélio evitou falar sobre as decisões tomadas por seu substituto. Não comentou nada sobre a insatisfação e o afastamento de um acentuado número de padres, sobre os protestos de alguns de seus seguidores, nem a auditoria e o bloqueio das contas solicitadas por dom Ângelo. Preferiu realçar suas futuras empreitadas, ainda se referindo à Faculdade Católica como uma parceira. Ele pretende incentivar a pesquisa cientifica. Nos planos, a formação de um convênio com a Petrobras.
Segundo o ex-chanceler da Católica de Quixadá, é preciso estimular a pesquisa universitária. A biblioteca do complexo acadêmico criado por ele está cheia de livros traduzidos, de outras universidades. Avalia que é preciso se libertar da repetição. "Nos Estados Unidos são centenas de pesquisadores. Os cearenses são tão competentes quanto os estrangeiros. Precisam apenas de oportunidades e de recursos. Sem eles muitos seguem para outros países. A ciência complementa a formação do homem".
Em tom de desabafo, falou de sua obra, iniciada no Sertão Central faz 22 anos. Não se resume a edificações materiais, em erguer paredes. Quando assumiu a missão pastoral no Interior do Ceará, incentivou o fortalecimento do Seminário criado por dom Rufino do Rego, seu antecessor, então com apenas oito padres. Hoje são 40. Também multiplicou o número de paróquias. "Eram oito e hoje 20 delas se espalham pela região", acrescentou ele.
Dom Adélio atribui a expansão de sua missão apostólica à união do povo cristão, e não à discórdia. Ele não aprova hostilidades ao seu sucessor, o qual acolheu de braços abertos. A referência é feita ao movimento "Fora Dom Ângelo". Apesar das divergências com o atual bispo diocesano, anseia pela paz e pela serenidade como formas de superar os conflitos. Também espera haver continuidade de seus projetos. "O desejo de Deus e o tempo se encarregarão do resto", completou.
F - DN :
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