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quinta-feira, 4 de março de 2010

Seca verde atinge 63 municípios cearenses :

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LAVOURA DE MILHO - começa a murchar no cultivo feito em Umari, pelo agricultor Luís Freitas

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Mesmo sem dados oficiais, a Secretaria do Desenvolvimento Agrário confirma grande prejuízo nos primeiros plantios.

Crato O espectro da seca começa a rondar os lares pobres do sertão como ave de mau agouro, antevendo um período de dificuldades. No campo, onde o agricultor plantou, junto com as sementes de arroz, feijão e milho, a esperança de uma boa safra, o quadro é desolador. O feijão está morrendo antes da colheita das primeiras vagens. O milho, soltando o pendão, está murchando. O arroz morre de sede e sol. Conforme levantamento feito pelas Sucursais no Interior, já são 63 municípios que registram veranicos e plantios comprometidos devido a seca verde. Equivale a 34,23% do total de cidades no Estado.

Na região de Porteiras e Brejo Santo, a perda é quase total. O pouco legume que sobreviveu, não tem sustentabilidade. Mesmo com a continuidade das chuvas, a colheita está comprometida, lamenta o agricultor Osvaldo Moraes, residente na Vila Palmeirinha, distrito de Ponta da Serra.

A paisagem do Cariri está verde. Os grandes açudes estão com mais da metade de sua capacidade, mas não existe perspectiva de safra. Por enquanto, não tem faltado pasto e água para o gado. É a "seca verde" que dá impressão de que há chuvas, diante da paisagem verde, mas as plantações não apresentam sustentabilidade, devido aos veranicos registrados na região. Esta realidade é confirmada pelo coordenador regional da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Ceará (Fetraece), Francisco Alves. Ele explica que ainda não foi feito um levantamento do índice de perda mesmo porque, segundo avalia, a maioria dos agricultores nem sequer plantou. Porém, quem já se antecipou com o cultivo das primeiras lavouras, perdeu tudo. Muitos, entretanto, ainda estão esperando o início do inverno.

Prejuízo grande

De acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recurso Hídricos (Funceme), as chuvas registradas no Cariri estão abaixo da média. No mês de fevereiro, por exemplo, foi 67,5% abaixo da média que é de 183mm. Um dos menores índices ocorreu no município de Lavras da Mangabeira, apenas 13mm. No posto de coleta do Sítio Cuncas, em Barro, a Funceme anotou 15 milímetros.

O coordenador do Programa Hora de Plantar, da Secretaria de Desenvolvimento Agrário, Itamar Lemos, informou que ainda não tem uma avaliação do índice de perda, mas admite que o prejuízo seja grande. O índice de chuva no Ceará no mês de fevereiro, segundo Itamar, ficou 77% abaixo da média. "Porém, só o governador e o secretário têm condições de anunciar que é uma seca verde ou pior ainda", arrematou.

Quem acreditou nas primeiras chuvas, perdeu tempo e dinheiro. É o caso do pequeno produtor Edval Jerônimo da Silva, que plantou cinco hectares de arroz no Sítio Malhada. Ele diz que o prejuízo só não foi maior porque procurou alternativa. Ao lado da roça de arroz, plantou pimentão, que está sendo irrigado com as águas do Rio Carás, com o auxílio de um motor bomba. Edival explica que o pimentão tem mercado e preço.

Os trabalhadores sem terra, que ganham uma diária de R$ 20,00 estão antevendo o agravamento da crise a partir do dia 19 de março, dia de São José. Se não chover nesta data, a seca está caracterizada. A observação é feita pelo agricultor Osvaldo Moraes, esclarecendo que, até o momento, não existe perspectiva de safra.

É a repetição do mesmo drama do passado, quando multidão de nordestinos deixava o torrão natal em busca da sobrevivência no Sul do País, uma odisséia nordestina descrita pelo poeta Patativa do Assaré na letra da música "A Triste Partida", interpretada por Luiz Gonzaga. A diferença, segundo o secretário do Sindicato dos trabalhadores Rurais do Crato (STR), Zilcélio Ferreira, é que eles agora viajam de ônibus com emprego certo e data marcada para voltar. "Mas o sistema de escravidão é o mesmo".

Ele defende a implantação de políticas agrícolas para fixação do homem na terra. Uma delas é a construção de agrovilas na zona rural, com assistência médica e hospitalar. Esta, segundo ele, é a sugestão dos sindicatos rurais para a convivência com a seca no semiárido. "Do contrário, vamos morrer sem aprender a conviver com um fenômeno que desafia os governos".

F - DN :

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