Por conta da fumaça preta que se espalhou por diversos setores do IJF, dezenas de pacientes precisaram ser levados às pressas para o pátio externo do hospital
Os elevadores do hospital já apresentaram problemas e causaram transtornos aos pacientes
Pacientes da emergência tiveram de ser alojados no pátio externo do hospital, onde receberam atendimento
O pânico tomou conta do Instituto Doutor José Frota (IJF), ontem, em decorrência de um incêndio no subsolo do hospital. O acidente aconteceu por volta das 17 horas depois de duas quedas de energia que provocaram um curto-circuito em um dos geradores. O incêndio não atingiu grandes proporções, mas a fumaça preta que se espalhou pelo local e a falta de energia geraram confusão.
Cerca de 60 pacientes da emergência, das áreas de risco e os que estavam nas salas de cirurgia para serem operados precisaram ser alojados no pátio externo da unidade. O cenário no local era um amontoado de macas com pessoas sendo atendidas lá mesmo, em muitos casos, por seu próprios acompanhantes.
Conforme o chefe da equipe médica do IJF, Lázaro Jales, os pacientes acomodados no pátio estavam aguardando vagas na enfermaria para serem removidos. Segundo informações da equipe médica, o hospital não perdeu nenhum doente por consequência do acidente.
Para o chefe de plantão do IJF, Romel Araújo, o pior foi a falta de energia, que prejudicou o atendimento. Segundo ele, os pacientes continuaram sendo atendidos e, das 32 pessoas que estavam na UTI, 10 permaneceram com respiradores ligados por baterias no breaks que duram de três a quatro horas. Além de quatro pacientes da sala de emergência que também estavam com respirador. Caso a energia não voltasse até a duração das baterias, a transferência seria necessária.
Apelo
Romel Araújo chegou a fazer um apelo para que ninguém procurasse o IJF enquanto a situação não se normalizasse e até para que outros hospitais da Capital recebessem pacientes de urgência e emergência.
A procura por familiares que estavam internados no hospital foi intensa. Muitos preocupados e sem informação do que estava acontecendo.
Maria Célia dos Santos, que acompanha a mãe internada no IJF, entrou em desespero por não ter notícias dela. "Saí um pouco para conversar com a assistente social e, quando o incêndio começou, ninguém sabia me dizer para onde tinham sido levados os pacientes", disse.
O Corpo de Bombeiros demorou a ser acionado, segundo informações da agricultora Helena da Silva Amorim, acompanhante de um paciente internado. Ela disse que a fumaça começou a subir e as pessoas achavam que era o vapor da roupa sendo lavada.
De acordo com o coordenador de operações do Corpo de Bombeiros, major Nilton Regis, o que houve foi um princípio de incêndio em decorrência do curto em um grupo de capacitores localizados na estação interna do hospital. "A fumaça intensa aconteceu porque o material que pegou fogo é revestido por tinta plástica, mas o incêndio foi totalmente controlado".
A energia de uma das UTI´s (são três) e do centro cirúrgico foi normalizada por volta das 19h30, após atuação da Companhia Energética do Ceará (Coelce). Porém, a energização da maior parte da unidade ainda estava precária até às 22h, segundo a engenheira de manutenção da Coelce, Socorro Pontes, mas voltaria aos poucos.
INFRAESTRUTURA
Problemas já vinham sendo denunciados
Desde o ano passado, o atendimento no Instituto Doutor José Frota (IJF) tem sido comprometido por uma série de problemas estruturais. Por mais de uma vez, somente este ano, o Diário do Nordeste publicou matérias denunciando a situação.
Desde o mau funcionamento do ar-condicionado à elevadores com defeito. Além dos problemas de saúde, os pacientes têm sofrido com desconforto nas dependências do hospital. Por duas vezes a central de ar condicionado do prédio apresentou defeitos.
Num dos episódios, o Centro de Tratamento de Queimados ficou prejudicado. Por conta disso, três novas salas de cirurgia deixaram de ser utilizadas. Uma parte da UTI também ficou aquecida por conta do problema.
Além disso, até mesmo os novos elevadores também precisaram de manutenção. Quatro deles deveriam transportar os pacientes em macas, mas dois estiveram parados e outro apresentou problemas na porta.
Durante cerca de três meses a central de ar-condicionado do IJF funcionou abaixo da capacidade. Um dos cinco equipamentos que ficam na cobertura do hospital deu defeito. Motivo que fez a temperatura aumentar muito nas unidades.
O problema tornou-se ainda mais grave na UTI pediátrica, onde são atendidas crianças e adolescentes entre zero e 17 anos. A temperatura chegava a 27º - sete acima do considerado normal. Profissionais de saúde da unidade reclamaram.
A implantação do heliponto do Instituto José Frota (IJF), no Centro de Fortaleza, que deveria existir desde 1993, também apresentou problemas de logística, no início do ano passado. Já em relação aos problemas de superlotação, que se arrastam há anos, a direção do hospital tomou algumas medidas polêmicas, entre elas a desativação da enfermaria-xadrez, que mantinha seis leitos.
F - DN :
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